"Hoje pela manhã tive e alegria de estar e celebrar com o povo de Deus da cidade de Icatu, onde tempos atrás estive em missão. A acolhida do povo é sempre algo intenso e gratificante. Era festa de São Pedro, com uma brechinha para São Paulo, pelo menos a nível da devoção popular. A memória destes dois mártires da Igreja primitiva me fazem sempre voltar a uma reflexão vocacional, sobre o sentido da vida, sobre o nosso caminhar eclesial, sobre a missão. Assim, partilho um pouco das intuições do Espírito de Deus nesta manhã durante a homilia.
DEUS NOS PEGA PELO CORAÇAO E NOS DESINSTALA: Pedro e Paulo viviam a sua vida, junto aos seus: seu povo, sua cultura, sua fé, seguros do caminho que faziam. De repente, como dum nada, aparece Jesus, com sua proposta audaciosa fazendo balançar suas certezas, desequilibrar seus sonhos, invadir sua liberdade. Um convite gentil, sedutor, e envolvente. Nenhum dos dois se ofereceu. O próprio Jesus os chamou. Chamou porque ama, porque precisa, porque os quer junto a si para aprender da chama amorosa do seu imenso coração. Não tinham nem idéia de como seria isto; nem imaginavam o que os esperava. Mas, alguém os tocou. Alguém os amou por primeiro. No inicio, aquele entusiasmo do primeiro amor. Muitas vezes queriam que as coisas fossem do seu jeito da sua maneira. Pedro quer deixar tudo e seguir Jesus para qualquer lugar. Na intimidade da montanha, no silencio das madrugadas orantes, Jesus vai revelando a si mesmo e a missão que o Pai lhe confiou. Aos poucos as cruzes vão aparecendo. Sofrimentos, injurias perseguições. Paulo e Pedro, para continuarem o seguimento na fidelidade ao Mestre, precisam professar a fé: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”; “tu sabes que eu te amo”; “tudo posso naquele que me fortalece”; “para mim viver é Cristo”: “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Uma certeza brota da interioridade do coração vivido: eu não sou meu. Não me pertenço. Não faço a minha vontade.
MOVIDOS PELO ESPIRITO, AVANÇAR SEM MEDO: O Espírito Santo de Deus sempre faz de nós novas criaturas; de ossos ressequidos, cria uma carne nova e um exercito em ordem de batalha. Quem diria: aquele Pedro frágil, afoito, capaz de cortar a orelha do soldado e de ter negado Jesus por três vezes, parece outra pessoa. Após a ressurreição de Jesus e de ser confirmado na fé pela profissão de amor, Pedro agora, torna-se, destemerosamente o anunciador profético do Cristo vivo. Eu não sou meu, esta é uma certeza. Seu discurso nos Atos dos Apóstolo é contagiante, ardoroso e corajosamente edificante. Converte corações, suscita e alimenta a fé nos discípulos e discipulas de Jesus. Paulo não tem medo da critica dos gregos, do julgamento dos judeus e nem da perseguição romana. Mete-se no meio dos gentios; percorre quilômetros a pé; questiona, justifica e fundamenta a todos para uma fé mais profunda, comunitária e convertida. No auge da prisão e perseguição proclama ”Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.” Segue consciente, sabendo que “nada nos separará do amor que Deus tem por nós.”
NA ENTREGA DA VIDA, UMA MISSÃO CUMPRIDA: Tanto Pedro como Paulo fizeram das suas vida entrega plena na missão. Cumprindo a ordem do Mestre e Senhor, vão e “preguem o Evangelho a todos os povos”(MT 16,28-30). Que bom que podemos ser colaboradores na obra salvadora de Cristo. Que bom que podemos dar um pouco do pouco que somos ao TUDO QUE É. Que alegria caminharmos juntos, como irmãos e irmãs na fé, cantando a boa-nova da vida que brota dos corações que se deixam seduzir pela beleza do amor. Solidários na esperança libertária, vamos anunciando o Reino da justiça e da paz. “Quem perder a vida por causa de mim e do Evangelho vai encontrá-la”. Na missão, vamos trilhando caminhos de esperança; vamos descobrindo que é preciso perder para ganhar. Deixar perder o supérfluo, o banal, o sem sentido; o que é egoísmo e presença do mal. Precisamos estar livres e íntegros em nosso ser para doarmos o melhor de nós, sabendo que é o Espírito quem faz germinar e dar bons frutos. Nos passos de Pedro e Paulo, sigamos jubilosos em missão."
São Luis-MA, 29 de Junho de 2011
Pe. Antonio José Ramos Costa (Pe. Oblato)
Presbítero da Arquidiocese de São Luis- MA
Obrigada Pe. Antônio José por partilhar esta maravilhosa reflexão. Deus o abençoe sempre. Grande abraço.
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