quinta-feira, 17 de abril de 2014

HOMILIA - Tríduo Pascal - CEIA DO SENHOR

HOMILIA - MISSA DA CEIA DO SENHOR E LAVA-PÉS
A Celebração de hoje marca o início do Tríduo Pascal. Nela celebramos a Instituição da Eucaristia, trazendo em sua estrutura a recordação do Lava-Pés, realizado por Jesus durante a última ceia. É o mandamento novo, o exemplo do serviço como maior manifestação do amor de Deus. Mas, no entanto não podemos esquecer que neste dia, na parte da manhã, realizamos uma celebração de grande importância, mas que não faz parte do tríduo santo: a Missa do Crisma. Nesta celebração acontece a benção dos óleos que serão utilizados nos Sacramentos, como também a renovação das promessas sacerdotais, feita pelos padres reunidos em presbitério, ao redor de seu bispo. É a missa da unidade!
Sabemos muito bem que para que o Reino de Deus seja implantado na terra, exige-se um trabalho insistente e forte, pois as forças da morte lutam contra sua implantação. Basta fazermos memória de toda a história da salvação como também de nossa história e da Igreja, para nos certificarmos deste grande embate. Gostaria de início de evidenciar este embate em cada uma das leituras de nossa Liturgia vespertina, que como disse anteriormente, marca o início do Tríduo Pascal. Vejamos por primeiro a descrição da instituição da Festa Pascal, contada pelo autor sagrado do livro do Êxodo. É a descrição da festa da passagem libertadora do Senhor, onde o povo de Deus, a comunidade, as casas e famílias celebraram a saída da terra da escravidão. Ela é descrita como uma “festa memorável” a ser transmitida de geração em geração. Como se dá essa festa? Realiza-se de um modo tranquilo e sereno? De modo algum! Mesmo sendo festa ela acontece em meio ás pressas, tendo em seu cardápio não somente manjares agradáveis, mas também ervas amarga. As marcas de sangue nas portas das casas são o sinal de remissão frente os castigos, pragas e feridas realizadas pelo Senhor. A saída da terra da escravidão não é um processo tranquilo, exige lutas e sacrifícios.
Com o salmo 115, vislumbramos o fruto e a consequência de todo esse processo antagônico, onde a morte luta em se sobrepor sobre a vida. O salmista invoca o nome do Senhor, oferece um sacrifício de louvor, cumpre suas promessas ao Senhor, invoca o seu nome e eleva o cálice. O que o motiva a fazer tudo isso? Por que tamanho testemunho cultual diante de seus irmãos? Ele vai dizer: “me quebrastes os grilões da escravidão”. Era escravo e foi liberto pelo Senhor, celebra em meio aos seus tudo o que o Senhor fez em sua vida. E pelo modo como descreve sua gratidão ao Senhor, sua escravidão era grandiosa. Quanto maior a escravidão, maior o embate para se alcançar a liberdade. O que celebramos ou como celebramos, evidencia nossa gratidão pela liberdade alcançada?
Na carta de São Paulo aos Coríntios, o apóstolo fala daquilo que recebeu e transmitiu à comunidade: tudo o que Jesus fez e seu significado a partir da última ceia. Qual o seu sentido e que nela aconteceu? Na noite em que foi entregue, ele doa seu corpo e sangue para que seja tomado em sua memória. Tomar do cálice e comer do pão ganhará a partir de então um significado bem maior de uma simples ceia, será a proclamação da morte de Jesus até que ele retorne. Em meio à noite, entrega e morte, o Senhor nos deixa este memorial para nos fazer entender que somente pela doação e entrega, estaremos verdadeiramente nos preparando para seu retorno. O memorial que recorda a cruz nos fortalece a lutar pela vida!
Por fim, chegamos ao evangelho narrado segundo João. Na ceia, sinal de comunhão e intimidade de vidas, Jesus se depara com a entrega de Judas e a incompreensão de Pedro. O diabo habita o coração de um dos seus! Nem todos os que estão partilhando aquela mesa estão limpos. A nossos olhos, esta refeição se faz cercada por um clima de fracasso. O que fazer diante de tudo isso? Como agir diante de situações onde a morte parece imperar? Jesus nos dá a resposta por meio de sua atitude. Manifesta seu amor incondicional e serve! Para ele a morte não é o fim, mas uma passagem para o Pai. Tinha certeza de que havia chegado sua hora e que do pai tinha saído e para Ele voltava. Somente a partir de uma confiança incondicional à Deus, seremos capazes de amar e servir, frente as forças da morte.

Por meio dessas descrições, procurei realçar um pequeno aspecto da Liturgia que hoje celebramos. Como bem sabemos, não terá sentido celebrar não levando em consideração os fatos que permeiam nossas vidas, a vida da igreja e de toda a sociedade. Hoje o Papa Francisco, na missa do Crisma, recordava que este dia é um dia de agradecermos três presentes: o sacerdócio, a Eucaristia e o mandamento do amor. Diante de tão grandiosos presentes, manifestemos com nossa vida o quanto somos gratos pelos seus dons. Amém!
Fraternalmente,
Padre Everaldo Santos Araújo
Pároco da Paróquia Santa Terezinha

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