sexta-feira, 18 de abril de 2014

HOMILIA - Tríduo Pascal - Sexta-feira da Paixão do Senhor

 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
Não cabe para o dia de hoje uma grande reflexão. As leituras, gestos e cantos da Liturgia de hoje falam por si mesmo. Toda a Igreja hoje, reunida em oração, coloca-se vigilante e silenciosamente diante da Cruz de nosso Redentor. E este não é um silêncio inativo, pois ele fala e transforma, apenas as palavras são trocadas pela contemplação, pois neste dia tentaram calar a Palavra Encarnada com a morte. É momento de fazer memória de suas dores e sofrimentos na cruz para que assim, unidos a Ele, aprendamos a completar com a nossa vida e sofrimentos o que falta à sua Paixão. Não querendo dizer assim que a sua Paixão não tenha sido realizada de um modo pleno, pois Jesus nos amou e amou-nos até o fim; completamos a sua Paixão quando, unidos a Ele pela entrega de nossas vidas, mostramos ao mundo que a vida tem a última palavra diante da morte.
Deste modo, mergulhados num profundo “silêncio de esperança”, abramos o coração para dois grandes pilares que a liturgia da paixão nos apresenta como sustentáculo na construção do projeto de Deus para toda humanidade: a obediência e a confiança. O servo sofredor e obediente do Capítulo 52 do Profeta Isaías é descrito como alguém macerado pelo sofrimento; tão marcado pelas dores que desperta desprezo nos outros. Aos olhos humanos é visto como alguém maldito, desprezado pelo próprio Deus. Mas, no entanto, estava cumprindo com êxito em sua vida, a vontade do Senhor. Não abre a boca, é obediente! Como Jesus, descrito na carta aos Hebreus, aprendeu a obedecer pelo sofrimento. O servo e a serva obediente à vontade de Deus, mesmo em meio às provações e sofrimentos, tornam-se canais de benção, cura e paz aos atribulados... Toda abertura à vontade de Deus é eficaz!
A obediência provém da confiança, não podemos falar de uma sem ter que fazer referência à outra. E compreender o significado mais profundo do que é a confiança, basta lermos em sua totalidade o salmo 30(31). Diante de tanto desprezo, não somente dos inimigos, mas também dos amigos e vizinhos, o salmista canta sua confiança no Senhor. Adorar na celebração de hoje o madeiro da Santa Cruz é contemplar o significado pleno da obediência e da confiança.
A cruz vivenciada a partir da obediência e confiança em Deus torna-se frutuosa. Ela é como a fruta que é macerada para ter produzir um suco refrescante e saboroso. É capaz de transformar o jardim da traição em jardim da esperança, de onde vai brotar a vida. Nossa vida sem esses dois pilares perde o seu verdadeiro sentido. Jesus se faz obediente porque confia, tem consciência de tudo o que ia acontecer, por isso não faz uso da espada. Tem certeza que só o amor é capaz de vencer a dor da entrega.
Fraternalmente,
Padre Everaldo Santos Araújo

Pároco da Paróquia Santa Terezinha

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