VIGÍLIA PASCAL
A Vigília
que hoje celebramos é conhecida como a mãe de todas as vigílias. Nela, reunidos
como Igreja ao redor do Círio Pascal, sinal da presença do Cristo Ressuscitado,
renovamos as promessas de novo batismo.
A luz e a água serão os sinais marcantes dessa celebração. A luz nos fazendo
recordar o dom da fé que hoje renovamos, a luz de Deus presente desde a
criação, passando por toda a história da salvação, e chegando à sua plenitude
em Jesus. A água como elemento purificador e ao mesmo tempo restaurador, capaz
de destruidor os carros e cavalos do faraó. Portanto todos os batizados são
convidados a vivenciarem com muita devoção e fé este momento. Assim como na
quinta-feira, na missa do Crisma, os sacerdotes renovam suas promessas sacerdotais,
hoje todos os batizados assim o fazem com relação a esta graça comum. Como
batizados, somos encarregados de uma missão especial na Igreja e no mundo:
anunciar a Jesus Ressuscitado e mostrar onde podemos encontrá-lo.
Como as mulheres que vão de manhã cedo ao sepulcro,
no primeiro dia da semana, nós também trazemos desde cedo em nosso coração, o
anseio de procurar e encontrá-lo. Em todos os Evangelhos esta pergunta é
insistentemente repetida: A quem procurais? Mesmo às vezes procurando em
lugares errados, isso não sufoca em nós este desejo existencial, estamos sempre
em busca de Deus! Até mesmo quando nos perdemos em nossos pecados e vícios, não
deixamos de manifestar traços da mesma procura; neste caso a busca está se
dando no lugar errado e o encontrado não é o que motiva a procura, eis a razão
de tantas frustações. Mas o importante de tudo é sair e buscar; ficar acomodado
não resolverá o problema. Pois mesmo procurando entre os mortos àquele que está
vivo, lá encontraremos sinais que nos apontarão para o que de verdade buscamos.
Não deixemos que o medo paralise a nossa busca!
No sepulcro não está o que procuramos, mas até
mesmo nele, podemos encontrar sinais de que a “pedra da morte” não foi capaz de
conter a vida. O sentido do ser discípulo é ser anunciador. E não se anuncia
por meio de sinais de ausência, o anúncio se faz a partir da presença, do
encontro. Anunciar sem medo, com a alegria que só o Ressuscitado pode nos
comunicar. Mas nossa missão de batizados não se restringe somente em anunciar
que ele está vivo, é preciso mostrar onde o podemos encontrar. A busca sem o
encontro seria de certa forma incompleta e até mesmo frustrante. Que sentido
teria ter no coração um forte desejo se não fôssemos capazes de satisfazê-lo
por meio do encontro? O verdadeiro discípulo é aquele que busca e faz os outros
entenderem o sentido da busca e onde buscar; como também, é aquele que
encontra, pois foi encontrado e faz com que os outros saibam onde encontrar.
E o encontro se dá na Galileia. O Senhor vai á
nossa frente lá na terra de tantas raças e culturas; tantos sofridos e
escravizados; doentes que precisam de cura e dignidade. Foi na Galileia onde
Jesus exerceu grande parte de seu ministério - curas, milagres, pregações e
caminhadas. Nesta terra de missão encontramos o sentido de nossa busca. É a
terra do chamado, onde os discípulos forma chamados e onde são formados em seu
discipulado. Ir às periferias, nos diz insistentemente o papa Francisco, é o
mesmo que nos disse Jesus quando pediu ás mulheres e aos discípulos que fossem
à Galileia. Não somente a eles, mas principalmente a nós! Lá o veremos em
tantos rostos sofridos, em tantos que estão perdendo ou já perderam o sentido
da vida.
Nesta noite santa, com lâmpadas acesas e coração
vigilante, meditaremos os sinais e prodígios que o senhor realizou por toda
história da salvação; desde a criação, até a manifestação de seu supremo amor,
em Jesus Cristo. Seja na fidelidade de Abraão ou na travessia do Mar Vermelho;
seja pela boca dos profetas convidando ao retorno dos caminhos do Senhor ou na
manifestação de sua sabedoria. Animados por tão animadores testemunhos,
voltemos nosso olhar para os sinais de vida que hoje o mesmo Deus realiza em
nossas vidas. Assim seja!
Fraternalmente,
Padre Everaldo
Santos Araújo
Pároco da Paróquia
Santa Terezinha
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