quinta-feira, 19 de junho de 2014

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
DOM QUE NOS LEVA À COMUNHÃO

“Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. Após a multiplicação dos pães, Jesus profere este discurso sobre o pão da vida. Pão descido do céu, enviado do Pai, para dar vida ao mundo. É o alimento que dá a verdadeira vida aos que dele tomam. Ao escutarmos essas palavras de Jesus, naturalmente somos levados a pensar na presença do mesmo no Sacramento da Eucaristia. Descer do céu, ao ser enviado por Deus, para dar vida ao mundo, também nos conduz ao convite que a Eucaristia nos faz. Ao recebermos o Corpo e Sangue de Cristo na Eucaristia, descobrimos por este alimento verdadeiro, que a vida plena tem sentido quando ela é doada para gerar vida. O dom que recebemos de Deus transforma-se em dom aos outros. Não existe vivência da Eucaristia que nos leve ao isolamento. Toda Eucaristia nos impulsiona aos outros, à doação, a fazer com que o mundo encha-se de vida. Pela Eucaristia, aprendemos constantemente que a verdadeira vida, a vida plena de sentido, é a vida que se reconhece como dom e por isso, se doa. Este é o alimento verdadeiro, pois muitos outros alimentos nos são apresentados pelas estradas da vida.
Moisés, nos apresenta, na primeira leitura, os quarenta anos do povo no deserto como tempo de descobrir a caminhada da vida como dom de Deus. Por duas vezes, ele convida o povo a fazer memória e não esquecer este tempo. Tempo de humilhação, de necessidades, mas também de descobertas sobre o que ter de fato no coração, como essencial na vida. A caminhada no deserto conduz à vida pela liberdade, pois o tempo de escravidão no Egito deixou resquícios no coração do povo que poderiam atrapalhar a implantação do projeto de Deus na terra da promissão. O Senhor nunca deixa de nos conduzir, mas sua pedagogia nos leva ao amadurecimento e fortalecimento na fé. Na falta, na necessidade, descobrimos o essencial da caminhada e este essencial passa pela compreensão da vida como um dom, pois o Senhor os alimentou “com o maná que nem tu nem teus pais conhecíeis, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor”. Não é a necessidade em si que nos faz descobrir o verdadeiro sentido da vida, mas quando descobrimos nestes momentos o quanto a graça de Deus nos auxilia, pois “Foi ele que fez jorrar água para ti da pedra duríssima e te alimentou no deserto com maná, que teus pais não conheciam”. O Senhor nos liberta, nos conduz, nos sustenta, no memorial da Eucaristia atualizamos sempre esta certeza.
O canto do salmista, nos leva à dimensão de ação de graças da vida. Toda a vida é um dom, e o que celebramos na Eucaristia é a vida de Deus em nossas vidas, em nosso caminhar. O salmista convida ao louvor pela paz, pela benção, pela segurança, pelo cuidado, e acima de tudo pela instrução proveniente da palavra e preceitos. Quais os louvores apresentados a Deus, quando com ele nos encontramos na Eucaristia? Pelas palavras do salmo, vislumbramos um olhar capaz de ver toda a realidade como sacramento da bondade de Deus. Este também é um dos dons que recebemos por meio da presença real na Eucaristia: por meio da Ação de Graça, ver o mundo e a vida como uma graça. Isto por que, ninguém que se sente agraciado, fecha-se em si mesmo. O reconhecimento de um dom recebido leva-nos a doação do que somos.
Celebrar a vida como dom, conduz-nos naturalmente a compreensão da vida como comunhão. Comunhão com Jesus, em seu pão partilhado e cálice abençoado, e com os irmãos e irmãs. Por meio desta comunhão, compreendemos melhor o sentido de nosso ser igreja. “A Eucaristia nos faz igreja” é o tema proposta este ano para a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo por nossa Arquidiocese. Pois como vimos nos Textos Sagrados, o reconhecimento do dom recebido não nos leva ao isolamento, mas à comunhão, à partilha da vida e dos dons e assim formamos a igreja. O dom que nos leva à comunhão!
Que as palavras do Santo Evangelho nos guarde para a vida eterna. Assim seja.
Fraternalmente,

Padre Everaldo Santos Araújo - Pároco da Paróquia Santa Terezinha

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