SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Após
encerrarmos o tempo pascal com a solenidade de Pentecostes, celebramos hoje a
primeira festa litúrgica, na segunda parte do ciclo do Tempo Comum: a Festa da
Santíssima Trindade. Deus comunhão, na unidade e na diversidade das três
pessoas divinas. O Pai criador no amor;
o Filho redentor na graça e o Espírito Santo santificador na comunhão.
Celebramos com essa festa a manifestação do ser de Deus, ao longo da história
da salvação, em seu desejo de levar a humanidade a uma profunda comunhão no
amor divino. Fomos criados a partir deste projeto divino: na comunhão e
para a comunhão. Assim nos falavam os nossos bispos, no até então documento de
estudo da CNBB, que discorre sobre a renovação de nossas paróquias: “A igreja brota da Trindade e é nesta
perspectiva trinitária que ela fundamenta sua vida comunitária”. (Documento
104, nº 41). E o ápice da manifestação desse grande desejo de comunhão,
encontramos em Jesus, Filho Unigênito do Pai, que veio ao mundo para conceder
ao mundo a vida eterna, a vida em sua plenitude.
O
projeto de Deus, em Jesus, e pelo Espírito, passa essencialmente por uma
entrega amorosa. Jesus não veio ao mundo para condenar e fazer com que o
império da morte mantivesse seu reinado. Ele veio para dar a Vida, com “v” maiúsculo,
e salvar. Precisamos retomar em nossas
pregações e até mesmo em nosso estilo de vida, este novo modo de falar de Deus.
Não que devamos ser relativistas e negligentes no que diz respeito às coisas de
nossa fé, mas talvez tenhamos invertido um pouco a ordem das coisas: temos
falado mais em condenação do que do amor. Precisamos fazer renascer nas
consciências e corações das pessoas a certeza de que, “Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas
tenha a vida eterna”. (João 3,16). Uma vocação autêntica não brota do medo da
condenação, mas do amor e da certeza da conquista de uma vida plena e cheia de
sentido. Salvar pelo amor, eis a nossa grande missão!
Que
o mundo não nos roube a alegria de sermos discípulos(as) e comunidades
trinitárias.
Por
meio das leituras de hoje, poderemos descobrir o caminho para alcançarmos, pela
graça de Deus, este propósito. Moisés é um modelo de homem trinitário. Sobe
ainda durante a noite o Monte Sinai com as tábuas de pedra nas mãos, como o
Senhor lhe havia indicado; deixa sempre sua vida ser guiada pela vontade de
Deus. O Senhor desce, permanece e passa diante dele; goza do favor de Deus e
com Ele tem uma profunda intimidade. Duas coisas caracterizam a vida de fé
deste homem, para classifica-lo como um homem trinitário: sua confiança na
fidelidade de Deus e sua experiência de Deus a partir de sua misericórdia. E
quando falo em homens e mulheres trinitários, assim o faço contemplando a
vivência de sua experiência de Deus, sempre voltada para o outro, para o bem do
povo; ele não pede para si mesmo, apesar de gozar da graça de Deus, pelo
contrário, ele diz: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te,
caminha conosco: embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas
e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”. Pela comunhão com Deus,
descobriu que sem Ele, não somos nada!
Do
mesmo modo, São Paulo ao escrever sua segunda carta aos cristãos de Corinto,
exortará essa comunidade a viver a partir de cinco virtudes trinitárias: alegria, aperfeiçoamento, encorajamento,
concórdia e a paz. Digo virtudes trinitárias, pois elas devem ser vividas a
partir da dimensão comunitária. Não é um atrapalho isolado, mas de comunhão. Só
assim, a comunidade tornar-se-á sacramento da presença do Deus da paz e do
amor. Como ser neste mundo este sinal se
não conseguimos testemunhar esses valores na comunhão? Bendigamos ao Senhor, como o salmo do livro de Daniel: “Sede bendito,
nome santo e glorioso. No templo santo onde refulge a vossa glória” (Daniel 3),
por tantos dons concedidos a nós e a nossas comunidades, nos fazendo assim
homens, mulheres e comunidades trinitárias, num mundo carente de comunhão.
Fraternalmente,
Padre
Everaldo Santos Araújo
Pároco
da Paróquia Santa Terezinha
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