SOLENIDADE DE PENTECOSTES - ANO A - 08/06/2014
“IMPULSIONADOS
A DEIXAR A SEGURANÇA DA CASA”
A
solenidade de Pentecostes recorda e atualiza a descida do Espírito Santo sobre
a primeira comunidade dos discípulos de Jesus; é a ação renovadora do Espírito
criador de Deus, que age não somente na vida da Igreja, mas renova e restaura
toda a criação. Podemos, com certeza, afirmar que hoje celebramos o dia de
nossas Comunidades Eclesiais. A Missa de hoje tem início com esta oração: “... realizai agora, no coração dos fiéis,
as maravilhas que operastes no início da pregação do evangelho”. E dentre
tantas maravilhas que o Espírito Santo nos concede, queremos hoje em especial
implorar os dons da unidade e da
disponibilidade para a missão. Foram cinquenta dias de preparação para a Solenidade
de hoje, desde quando celebramos a Páscoa do Senhor. Na verdade, o que hoje
celebramos, deve ser apresentado como fruto do que colhemos durante toda a
caminhada pascal, pois não podemos separar uma coisa da outra, Páscoa de
Pentecostes.
Tanto
no Evangelho de João, como nos Atos dos Apóstolos, os discípulos encontram-se
reunidos no mesmo lugar. No Evangelho eles estão trancados por medo dos judeus,
nos Atos, um barulho vindo do céu invade a casa onde eles se encontravam. O
estar juntos aparece nos dois relatos como condição primeira para acolhida do
Espírito, o que nos faz recordar a cena da aparição do Ressuscitado a Tomé.
Este, por não estar reunido com os apóstolos no primeiro dia da semana, tem
dificuldade em acreditar que Ele está vivo. Pelo Espírito, vários dons e
carismas são unificados num único corpo, “Há
diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios,
mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que
realiza todas as coisas em todos”. (I Coríntios 12, 4).
“Pentecostes, festa da unidade que nos
impele a missão”.
A
paz comunicada por Jesus aos seus discípulos que estavam trancados e com medo
no primeiro dia da semana faz brotar em seus corações uma grande alegria. O
primeiro dia da semana é o dia da nova criação, onde renovados pelo Espírito
somos convidados a comunicar aos outros os frutos de sua presença. Permanecer
trancados e com medo não condiz com a realidade dessa presença transformadora! “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
(João 20, 21). Ir, sair de si, de
suas seguranças para ir ao encontro do outro é o outro apelo que a solenidade
de hoje nos ensina. O mesmo sopro divino presente no livro do Gênesis, agora
também desce sobre nós para nos fazer entender que somos novas criaturas que vivem
a partir da missão. Somos seres essencialmente missionários!
O
mesmo acontece nos Atos dos Apóstolos. A casa onde eles se encontravam é
agitada por um forte barulho como se fosse uma ventania. A partir daí, “começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito os inspirava”. (Atos 2, 4). A casa parece não mais comportar a
presença dos discípulos; na verdade, eles não foram instruídos a permanecerem
para sempre naquela casa, muito embora ela possa transmitir a ideia de conforto
e segurança. O barulho vindo céu (línguas de fogo) invade este ambiente, como
tantas vezes o Senhor nos invade quando precisamos navegar por águas mais
profundas, e os conduz à comunicação, a um contato mais amplo com uma multidão
que estava do lado de fora. A missão nos conduz a uma saída da casa em direção
a uma multidão desejosa de escutar uma nova linguagem: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós
os escutamos na nossa própria língua? Nós que somos Pardos... os escutamos
anunciar as maravilhas de Deus na nossa própria língua”. (Atos 2, 7).
Peçamos, portanto em especial neste
dia, que a força do Espírito Santo renove a nossa Igreja, as nossas
comunidades, a nossa paróquia, “Se tirais
o seu espírito, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso
espírito e renascem”. (Salmo 103). Esta renovação acontecerá, quando dóceis
ao agir do Espírito, sempre mais tomarmos consciência de que os dons que de
Deus recebemos devem ser colocados a serviço dos outros, pois “A cada um é dada a manifestação do Espírito
em vista do bem comum”. (I Coríntios 12, 7)
Fraternalmente,
Padre
Everaldo Santos Araújo
Pároco
da Paróquia Santa Terezinha