Olhar tudo, de tal modo que, todos os
acontecimentos de nossa vida nos levem a uma profunda e verdadeira conversão, a
uma mudança radical de vida.
Nesta
caminhada quaresmal, este é um dos propósitos a ser alcançado como fruto a ser
apresentado de um modo agradável ao Senhor. Pois somos em suas mãos, figueiras
das quais em sua paciência, Ele cuida para que alcancemos tal fim.
Sendo
assim, todos os acontecimentos de nossa história, sendo eles bons ou ruins,
devem nos levar a um verdadeiro processo de renovação e transformação; é a
caminhada diária na busca da formação em nós, dessa “criatura nova”, da qual
nos fala São Paulo em sua segunda carta dirigida aos Coríntios. ( cf. 2 Cor
5,17). Tudo deve nos levar à conversão! Pois, com efeito, assim renovados
seremos capazes de exercer nossa missão como embaixadores e embaixadoras de
Cristo, onde os outros são chamados a viver esta renovação em Cristo, a partir
de nosso testemunho de vida. É a exortação de Cristo em nós!
Como
disse, tudo deve nos conduzir a este processo de mudança, tanto as dores,
cruzes, tribulações, lágrimas, como também a glória, a transfiguração, a
bonança...Mas no entanto, estes acontecimentos para serem vistos de tal modo,
devem estar alicerçados numa experiência fundante e fontal, de e com o próprio
Deus. É a experiência de comunhão com o Pai, o estar em sua casa e com Ele
conviver; uma experiência onde Deus não se faz presente como uma ameaça, ou
como um juiz severo, que está atento aos erros cometidos e sempre pronto para
condená-los, onde Ele caminha conosco e
se faz presente em nossa vida, nunca nos abandonando. Pois Ele não é
indiferente às nossas dores, pelo contrário, Ele vê, ouve e conhece nossos
sofrimentos, como bem nos lembrava a liturgia do domingo passado.
Com
Josué, líder que substitui Moisés na condução do povo à terra prometida, a
experiência de Deus se dá a partir do maravilhoso. Todo o processo de renovação
do Povo de Deus ao entrar na terra da promessa, acontece pelo reconhecimento da
atualização das maravilhas de Deus no hoje da história deste mesmo povo. Assim
como a geração que havia murmurado, e por isso, morrido pelo deserto,
contemplaram a miraculosa e grande travessia do Mar Vermelho, agora o povo
conduzido por ele, antes de adentrar na terra da promessa, fazem a mesma
experiência, ao atravessarem a pé enxuto o Rio Jordão. Todos são circuncidados
como sinal de uma nova aliança, um povo novo que está surgindo, tendo diante de
si sinais grandiosos realizados por Deus diante de seus olhos. Agora não
somente volta-se o olhar para o passado para reconhecer os grandes feitos do
Senhor, basta olhar para suas próprias vidas. De um povo descrente do passado,
Deus oferece uma nova oportunidade de um recomeço. Com base nestes sinais é que
o processo de renovação vai acontecer.
Com o
Filho Pródigo as coisas não se dão da mesma forma; este é conduzido a um
processo de renovação pela dor, pela distância da casa do pai, “vou voltar”,
diz ele. Mas, no entanto, este propósito surge de um coração que um dia esteve
na comunhão mais profunda, que é estar na casa do pai; gozar de sua presença,
escutar todos os dias as sua palavras, sentir a força de sua proteção...Foi
pela adversidade gerada pela distância e ausência do Pai, que o filho percebeu
o quanto sua vida tinha se tornado triste e infeliz. Poderíamos nos perguntar
então: Quais os acontecimentos de nossa
vida, tem nos chamado a uma verdadeira conversão? As dores ou as alegrias? Isso
na verdade não importa, o que importa é que em tudo na vida, devemos entender como
um chamado de Deus a uma vida de maior comunhão com Ele. Só assim seremos
verdadeiramente felizes. “Contemplai a vossa face e alegrai-vos!” (Sl
33/34)
Padre Everaldo Santos Araújo
Pároco da Paróquia Santa Terezinha
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