sexta-feira, 3 de maio de 2013

EM BUSCA DE DEUS


Há momentos na vida em que tudo está perfeitamente bom. Outros momentos apresentam-se nebulosos. Quando menos esperamos as tempestades chegam. O forte parece arrancar-nos da segurança que antes havíamos experimentado. Mas basta uma linda manhã com céu azul para percebermos que a tempestade se foi, e deixou atrás de si um grande trabalho de reconstrução.
Nossa vida espiritual passa por este mesmo processo. Há momentos em que conseguimos fazer uma linda experiência do amor de Deus. Oramos e sentimos a presença de Deus ao nosso lado em muitos momentos de nossa caminhada espiritual. Contudo, há momentos em nossa vida de oração que Deus parece estar longe de nossa presença.
No campo da espiritualidade chamamos estes momentos de “Deserto Espiritual”. Caminhamos sob o sol escaldante da incerteza e buscamos um Oásis que nos sacie com a Água da Vida, e assim nos devolva a certeza que antes havíamos perdido.
Nossa vida espiritual e de oração não são momentos estáveis. Ao contrário, são instáveis. Poderíamos compará-las a um gráfico com altos e baixos. Há momentos em que tudo está perfeito e sentimos Deus com todo o nosso ser. Em outras ocasiões não conseguimos perceber Deus ao nosso lado.
Quando muitas pessoas entram no processo de enfrentarem na vida de fé um Deserto Espiritual, se desesperam. Não conseguem compreender que a vida de oração é um caminhar constante. Somos eternos peregrinos em busca de Deus.
Olhando sob outra perspectiva, os Desertos Espirituais são importantes para nossa vida de oração. Se os nossos momentos de oração fossem estáveis, correríamos o risco de nos acostumarmos e entrarmos no comodismo espiritual; e então a monotonia tomaria conta do nosso ser. Mas quando surge na vida um Deserto Espiritual tomamos consciência de que as dificuldades na vida de oração são necessárias para o nosso crescimento humano e espiritual. E assim somos obrigados a nos desinstalarmos e sairmos em peregrinação em busca d’Aquele que pode saciar todas as nossas mais profundas sedes.
Quem enfrenta na vida um Deserto Espiritual terá que caminhar em busca do oásis onde se encontra o próprio Deus. E encontrando Deus redescobriremos a alegria do encontro. No entanto, há muitas pessoas que desanimam na travessia dos desertos espirituais da vida e estacionam no meio da caminhada. Uma vez estacionadas perdem o ânimo e não conseguem chegar a Fonte da Vida. Perdem-se em si mesmas e em seus próprios medos.
Na vida de oração não fazemos a experiência de Deus somente nos momentos bons, mas Deus se mostra presente mesmo quando não sentimos sua presença conosco. Na travessia do deserto na vida de oração é o próprio Deus que caminha ao nosso lado, segurando em nossa mão e dizendo ao nosso coração: “Não tenha medo, pois eu estou com você. Não precisa olhar com desconfiança, pois eu sou o seu Deus. Eu fortaleço você, eu o ajudo e o sustento com minha direita vitoriosa” (Is 41,10).
Padre Flávio Sobreiro

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