

Outra
passagem do Evangelho esclarecedora da personalidade de Maria é a que nos
mostra seu silêncio e sua humildade. O anjo a encontra na quietude de sua casa,
rezando, para dizer-lhe que fora escolhida por Deus para dar ao mundo o
Emanuel, o Salvador. Ela se assusta com a mensagem celeste, porque, na sua
humildade, nunca poderia ter pensado em ser escolhida do Altíssimo. Acolhe
assim, por vontade divina, a palavra do mensageiro, silenciosamente, sem dizer,
nem sequer ao noivo, José, o que nela se realizava. Deus tem o direito de
escolher e por isso ela diz apenas o generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.
O
terceiro traço de Maria-Mãe é sua corajosa atitude diante do sofrimento. Ao
apresentar o seu Jesus no templo, ouve a assustadora profecia do velho Simeão:
“Uma espada de dor transpassará a tua alma”. Pouco mais tarde, estreitando ao
peito o Menino Jesus, deve fugir para o Egito com o esposo, para que a
crueldade de Herodes não atingisse a Criança que – pensava ele, Herodes – lhe
poderia roubar o trono. Quando seu Filho tem doze anos, desencontra-se dele e,
ao achá-Lo após três dias, queixa-se amorosamente: “Por que fizeste isto? Eu e
teu pai te procurávamos, aflitos”. Sua coragem se confirma na Paixão e
Crucifixão de Jesus. De pé, ali no Calvário, sofre e associa-se ao sacrifício
do Redentor. É a mulher forte, a mãe corajosa e firme, a quem a dor não
derruba. De fato, a espada de Simeão lhe atravessara a alma e o coração. É a
Senhora das Dores.
Maio,
mês dedicado a Nossa Senhora, pela piedade cristã, é um convite para voltarmos
nosso olhar a esta Mãe querida para pedir-lhe que abra as mãos maternas em
bênção de carinho sobre nossos passos nesta difícil escalada da Jerusalém
celeste.
(Dom
Benedicto de Ulhoa Vieira / Arcebispo Emérito de Uberaba – MG)
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